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quinta-feira, 31 de março de 2011

Nanotimista, ser ou não ser? Eis a Nano-questão!

Por: André Luiz Aguiar

Ser um Nanotimista é o que desde o início deste meio de comunicação tenho sido.
Publicando notícias de inovações, tendências, conquistas e resultados com o desenvolvimento das nanotecnologias.

Claro, às vezes com alguns alertas sobre riscos e possíveis problemas no que tange à saúde, ao meio ambiente e afins. Porém, de forma singela e irrefletida.

Agora, após algumas introspecções, eis que me indago: Nanotimista, ser ou não ser? Eis a Nano-questão?

Não invalido os Nanotimistas com suas expectativas e esperanças no futuro -- afinal,  sou ou já fui um.
Mas o que quero abordar é se por acaso apenas ser um irreflexivo Nanomotivador demonstrará realmente o que está críptico nas pesquisas e notícias com as P&D com as Nanotecnologias?

Será que um nanotimista refletiria sobre o crescente risco das toxidades aos seres humanos bem como ao meio ambiente, quando da comercialização de produtos com nanotecnolgias "ocultas" em suas fórmulas?

Por acaso há discussão sobre o princípio da precaução e os possíveis -- e alguns confirmados -- riscos advindos com tal desenvolvimento?

Um tema central a avaliar, ainda que breve, é sobre os investimentos em pesquisa e desenvolvimento com nanotecnolgia e as propriedades intelectuais advindas com as mesmas e por lógico o capitalismo/globalização.

Estaria o capitalismo (leia-se empresas e laboratórios) preocupado com a vida humana e ambiental quando patenteia suas "invenções" em nanotecnologia e comercializa tal produto (muitas vezes velada pelas proteções legais) sem que os consumidores tenham conhecimento e informações sobre os riscos que tal uso pode ocasionar?

Percebam que o Nanotimista (me penitencio) apenas veicula as vantagens de tal Nanodesenvolver, porém não sucita que o capitalismo (laboratórios, empresas) almejam lucro com suas montas investidas em nanotech's.
Por conseguinte, criaria ele -- Nanocapitalista -- um produto com suas Nanopatentes (e ele já gastou uma boa grana até advir tal patente) cujos utentes não mais necessitariam desses produtos pois tais são ultramodernos com seus auto-arranjos (regeneram-se, grosso modo) imbutidos nas nanopartículas?

Estaria o mercado criando sua Nanoforca?

Estou prono a dizer que não!

Laboratórios e empresas vindicam lucro; e se pesquisam materiais na esfera nano possuem o mesmo desiderato.

Por acaso todo o desenvolver e todas as patentes (também P&D em Nanotch) já produzidas aumentaram ou reduziram as desigualdades sociais? Engendraram uma melhor qualidade de vida no meio ambiente? Diminiram a fome mundial, como veicula a promessa? 

Talvéz nos possibilitou acesso a alguns bens, porém, não obstante tais "melhorias" mister é analisar o discurso oculto do Nanotimista (os quais podem inclusive laborar no afã das promessas, mas olvidam o nosso passado não muito distante).

Atentemo-nos às leituras irreflexivas das matérias veiculadas na mídia, nas divulgações científicas, etc.!

Aos nanotimistas conclamo à reflexão. Aos nanomercados anuncio um possível nascer de um nanopessimista (nanoreflexivo). Aos consumidores: engajem-se na discussão e reflexão.

Aos demais e a todos: Nanotimista, ser ou não ser? eis a TUA Nano-Questão?



André Luiz Aguiar: advogado formado pela 
Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná (PUC-PR), OAB-PR 60.581,
pesquisador e consultor 
em
Nanotecnologias e regulamentação 

http://www.linkedin.com/in/andreluizaguiar
  

sexta-feira, 4 de março de 2011

Mercado brasileiro de nanotecnologia tem grande potencial de crescimento.

O mercado brasileiro de produtos com base em nanotecnologia, desenvolvido originalmente no país, somou no ano passado cerca de R$ 115 milhões. A pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a qual a Agência Brasil teve acesso, não considera as tecnologias trazidas de matrizes para aplicações no país e nem os produtos importados.

O presidente do Conselho Empresarial de Tecnologia da Firjan, Fernando Sandroni, disse que o mercado de produtos nanotecnológicos desenvolvidos no Brasil ainda é pequeno em relação à estimativa de negócios gerados pela nanotecnologia no mundo em 2010, da ordem de US$ 383 bilhões.
Sandroni acredita, entretanto, que o potencial de crescimento é muito grande, considerando-se que a nanotecnologia é incentivada pelo governo federal devido à sua importância para o setor produtivo nacional. O tema está incluído no Plano de Ação 2007/2010: Ciência, Tecnologia e Inovação (Pitce) e na Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP).

 

"O próprio governo elegeu a nanotecnologia como um campo de atuação tecnológica prioritário para ser atendido pelos programas federais", disse. Para dinamizar o setor, na parte de tecnologias desenvolvidas no Brasil, Sandroni afirmou que têm de ser feitas novas e mais aprofundadas avaliações de mercado. "A Firjan mostrou que há um caminho a ser trilhado".

Na avaliação dele, é preciso também que se verifique se os estímulos que estão sendo dados estão corretos. "Essa é uma avaliação que o próprio governo tem que fazer, em termos dos recursos que ele está colocando e quais são os impactos. Porque isso tudo ainda é muito novo no país".

Sandroni ressaltou a importância, em 2011, de se verificar como o corte de recursos atingirá o Ministério da Ciência e Tecnologia (MC&T), afetando os diversos campos de pesquisa e os estímulos para a própria nanotecnologia.


Com base em dados do MC&T do ano passado, existem no Brasil em torno de 150 empresas que desenvolvem algum produto ou prestam serviços a partir de conhecimentos em nanotecnologia. Elas englobam empresas especializadas na produção de nanomateriais, como as nanopartículas; empresas com foco na fabricação de produtos intermediários, entre os quais revestimentos e tecidos; e companhias que visam ao consumidor final e se dedicam a produtos dos ramos de cosméticos e roupas, entre outros segmentos.

Sandroni disse que as principais áreas de aplicação da nanotecnologia no Brasil são a indústria farmacêutica e de cosméticos. Apesar disso, destacou que a nanotecnologia permeia atualmente toda a indústria de transformação, porque está muito ligada à área de materiais, atingindo outros setores específicos. "Portanto, é um campo em que a gente tem que acordar e investir".

O desenvolvimento de nanotecnologias nacionais pode vir, inclusive, no futuro, a baratear produtos para o consumidor final. Por isso, é preciso que haja uma produção eficiente e nacional. "Porque só assim você pode ter um equilíbrio de preços em face do mercado internacional", prevê Sandroni. E apontou que o país terá que fabricar produtos derivados da nanotecnologia, porque isso atingirá cada vez mais a matriz industrial brasileira.


A capacitação dos quadros técnicos é uma das exigências para o desenvolvimento da nanotecnologia no Brasil. O presidente do Conselho Empresarial de Tecnologia da Firjan entende que essa sempre foi uma carência no Brasil e ocorre não só nesse campo. "Basta ver o que está acontecendo na área de engenharia. Basta o Brasil crescer um bocadinho e todo mundo diz logo: está faltando engenheiro". Avaliou que o problema de formação de quadros especializados é geral no país e, certamente, vai atingir a nanotecnologia. Daí a necessidade de cursos de capacitação. "Espero que esse seja um processo contínuo e crescente".

Jornal do Brasil /Agência Brasil (Alana Gandra).

Fonte: LQES

Brasil investe no nanomundo

Novos materiais microscópicos prometem revolucionar indústria eletrônica e química.
O material é microscópico, mas seu potencial é gigantesco. Objeto da outorga do Prêmio Nobel de Física de 2010 aos cientistas de origem russa Andre Geim e Konstantin Novoselov, o grafeno é uma folha de carbono extremamente fina, com apenas um átomo de espessura, que poderá revolucionar a indústria nos mais variados campos, de computadores mais potentes a novos aviões e satélites. E o Brasil tenta aproveitar- se disso. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), trabalha no estudo das características do material e no desenvolvimento de produtos com ele.

Com seus laboratórios de ponta e equipamentos de alta tecnologia - como o Titan, o mais poderoso microscópio em operação na América Latina -, o Inmetro tornou-se um centro de excelência no campo da nanotecnologia com base no carbono.

Esta área contempla, além do grafeno, os nanotubos. A instituição é uma das cinco em todo mundo que estão desenvolvendo um padrão de qualidade para a produção deste material, que já chega à marca global de 300 toneladas por ano.

" A nanotecnologia hoje é um assunto que engloba várias áreas, diz Carlos Alberto Achete, coordenador da Divisão de Metrologia de Materiais do Inmetro. " Não somos uma universidade, mas, como um instituto de metrologia, trabalhamos no desenvolvimento de material de referência, padrões e procedimentos de forma a fornecer subsídios para que a indústria brasileira se torne mais competitiva e estimular a inovação tecnológica.

De acordo com Achete, ainda não há um marco regulatório para a área de nanotecnologia, o que faz do trabalho do Inmetro fundamental.

Os nanotubos, segundo ele, começam a ter seu uso testado em baterias, tintas, cimento e outros materiais compostos. Há, inclusive, a intenção de abrir uma fábrica deles no País.

"Alguém que quiser se desenvolver na nanotecnologia e ser inovador tem que, sobretudo, ter a capacidade de medir", considera Achete, parafraseando Lord Kelvin, físico e engenheiro britânico do século 19 que afirmou: "Se você não pode medi-lo, não pode melhorá-lo".

"A metrologia em materiais é nova no mundo todo. Isso nos leva à questão de como fazer o controle de qualidade de produtos nanotecnológicos. O Inmetro desenvolve esse potencial de análise, pois podemos medir o tamanho, propriedades e composição químicas dessas nanopartículas.

Meta é estimular produção industrial

 Já com relação ao grafeno, conta Achete, o Inmetro conseguiu reproduzir o método criado por Geim e Novoselov para sua fabricação em 2004, quando usaram uma simples fita adesiva para retirar a folha de átomos de carbono do grafite comum usado em lápis, e começa a explorar alternativas, como a esfoliação e a deposição dos átomos de carbono com vapor.

Agora, a intenção é estimular a indústria nacional a produzir grafeno a partir do grafite mineral para uso em pesquisas e produtos no país e exportação. "Já perdemos o bonde do silício, que exportamos como material bruto, lembra Achete. O Brasil tem grafite de altíssima qualidade, que, com a esfoliação, pode virar grafeno. Isso é uma inovação fácil que a indústria nacional de grafite pode fazer e aumentar enormemente o valor agregado de seu produto. Em vez de vender grafite, podemos começar a vender grafeno.

Achete destaca ainda que os produtos que usam a nanotecnologia não precisam ser necessariamente microscópicos. Entre os exemplos estão palmilhas de sapatos e tênis
tratadas com nanopartículas de prata para eliminar odores, às quais cabe ao Inmetro verificar se estão realmente presentes e cumprem a função prometida. O instituto também está avaliando um novo revestimento que deverá ser usado para proteger toda uma nova geração de satélites nacionais.

"O material pode ser pequeno, mas o produto pode ser muito grande", ressalta. "O grafeno tem propriedades únicas e abre perspectivas em várias áreas, com aplicações das mais sofisticadas. Quando colocamos um monte de folhas juntas, por exemplo, ele se transforma em nanofitas, que também têm propriedades interessantes. Em suma, não estamos fazendo nenhum milagre. Muitas pessoas suam muito para dar esse apoio ao desenvolvimento da indústria nacional".
(O Globo)