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terça-feira, 8 de maio de 2012

Nanotecnologia melhora ação de creme antirrugas

LEANDRO MARTINS

DE RIBEIRÃO PRETO
Uma nova maneira de transportar para dentro da pele uma substância cosmética já amplamente utilizada em cremes antienvelhecimento, através da nanotecnologia, pode tornar mais eficiente o combate às rugas.

A constatação é de pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara, no interior de São Paulo, que resultou no desenvolvimento de um nanocosmético. O composto microscópico formado de cristais líquidos obtidos a partir de silicones resultou em gotículas da ordem de nanômetros.

Para se ter ideia, um nanômetro é a bilionésima parte do metro - 50 mil vezes mais fino do que um fio de cabelo. Essas estruturas, segundo o farmacêutico Marlus Chorilli, responsável pelo estudo, são capazes de penetrar nas camadas mais internas da epiderme e controlar a velocidade com que o princípio ativo será liberado.

Às nanoestruturas de silicone foi adicionada uma substância que já é usada em cremes anti-idade existentes atualmente no mercado. Trata-se do palmitato de retinol, um tipo sintético de vitamina A usado para prevenir ou retardar mudanças associadas ao processo de envelhecimento cutâneo.
"A vantagem da nanotecnologia para incorporar essa substância é potencializar a ação", disse o pesquisador.

Além de amplificar seus efeitos, a nanotecnologia também deu mais estabilidade ao produto, conta Chorilli. Isso é importante quando se trata do palmitato de retinol porque o princípio ativo apresenta estabilidade química limitada quando exposto a condições como umidade, oxigênio e até à luz.
Editoria de arte/Folhapress
Resultados
Os testes iniciais foram feitos em coelhos e, segundo o pesquisador, indicaram que a formulação é segura.

Além disso, o produto aumentou o número de fibroblastos, células capazes de produzir fibras colágenas e elásticas responsáveis por dar melhor condição à pele.

Depois dos coelhos, foi a vez de testes em 32 voluntárias com idade entre 30 e 45 anos, que receberam o nanocosmético ao redor de um dos olhos diariamente, pelo período de um mês.

O estudo apontou redução significativa no tamanho e na profundidade das rugas, em comparação à região dos olhos que não foi tratada.

Segundo Chorilli, depois do palmitato, os estudos com nanotecnologia já estão envolvendo outras substâncias, como extrato seco de cacau orgânico e chá verde.

Para o médico Davi de Lacerda, dermatologista pelo hospital Johns Hopkins nos EUA, que avaliou o estudo a pedido da Folha, a pesquisa merece elogios.

Ele pondera, no entanto, que é preciso obter resultados de outros grupos para saber se os dados relacionados ao aumento de fibroblastos são reprodutíveis. Além disso, estudos clínicos com populações maiores são essenciais para concluir sobre o real efeito dos produtos.


Reflexos
O médico Lacerda ressalta ainda que o aumento das aplicações nanotecnológicas amplia a necessidade de se conhecer melhor os impactos dessas partículas na saúde humana e no ecossistema.

"Este desafio começa a formar uma nova 'escola científica', chamada por alguns de 'nanotoxicologia'", afirmou.
No estudo da Unesp, segundo Chorilli, não foi avaliado o risco das nanoestruturas na corrente sanguínea.

Ele cita, porém, que uma série de fármacos com nanoestrutura têm sido liberadas para uso pela FDA (agência que regula os medicamentos e os alimentos nos EUA).


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REFLEXÃO

Meu comentário segue conforme disse à Folha:

André Luiiz (7)
(21h49) há 1 minuto
Há necessidade premente de que os órgão públicos comecem a perceber a influência da Nanotecnologia nos produtos de consumo. Já temos centenas de nanoprodutos no mercado, todavia não há estudos sólidos sobre a não existência de riscos e toxicidades daqueles.Também deve-se cumprir a Constituição e o Código do Consumidor que garantem o direito à informação de que tal produto CONTÉM NANO. Precisamos de regulamentação (Inmetro, Anvisa, ANA...etc), engajamento público e precaução.