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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Estrada tecnológica para o pré-sal

Por: Fred Furtado

Ferramentas desenvolvidas na Petrobras e apresentadas em congresso internacional poderão facilitar a exploração de óleo em camadas ultraprofundas e aumentar a produtividade nessas reservas.


Estrada tecnológica para o pré-sal
Atualmente a extração de petróleo em reservatórios no pré-sal gera entre
5% e 10% do total de óleo produzido pela Petrobras.
(foto: Flickr/ tsuda – CC BY-SA 2.0)

Laser, nanotecnologia e bactérias. Não, esses não são elementos de uma história de ficção científica – são ferramentas em estudo na Petrobras para facilitar a extração de petróleo nas reservas do pré-sal, que ficam a 300 km da costa e a mais de 4 km de profundidade, incluindo 2 km da coluna d’água e mais 2 km da camada de sal.
As técnicas foram apresentadas na 31ª Conferência Internacional sobre Engenharia Oceânica, Offshore e Ártica (Omae, na sigla em inglês), que está sendo realizada esta semana no Rio de Janeiro. A Omae é o principal congresso dessa área e trouxe 900 participantes à cidade, divididos entre membros da academia e da indústria.
A Petrobras tem planos de aumentar a extração de petróleo no pré-sal para 40% de sua produção total em 2020
As oportunidades e os desafios envolvidos na exploração de petróleo em condições extremas, como as encontradas no pré-sal, foram um dos temas de destaque do evento. Embora a Petrobras já extraia petróleo na área, essa produção corresponde a apenas entre 5% e 10% do total produzido pela companhia, que tem planos de aumentar esse fator de contribuição para 40% em 2020.
“Essas novas tecnologias ainda estão em um estágio embrionário, então não temos como afirmar, quantitativamente, qual a melhoria que irão acarretar na produção; mas pelo menos qualitativamente, elas apresentam os atributos necessários para tal”, informa o engenheiro mecânico Orlando Ribeiro, gerente geral de pesquisa e desenvolvimento de produção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes).

Três tecnologias

Segundo Ribeiro, a rocha que armazena o petróleo na camada pré-sal é muito dura e não há possibilidade de se usar uma perfuradora de impacto para atingir o óleo. Por isso, a alternativa que está sendo testada é acoplar um ou mais emissores de laser em uma broca. Esses feixes de laser esquentariam a rocha, o que a tornaria mais frágil e, consequentemente, aumentaria a taxa de penetração das máquinas.
“O grande desafio para isso é levar o laser até lá embaixo”, ressalta o engenheiro. “Pretendemos utilizar um cabo de fibra óptica, mas há uma série de dificuldades técnicas que temos de resolver antes do teste de campo, que deve ocorrer em 2015”, conta.
Pré-sal
As reservas do pré-sal localizam-se a 300 km da costa e a mais de
4 km de profundidade, sendo 2 km de camada de sal.
(foto: Agência Petrobras)

Em termos de nanotecnologia, a Petrobras está investigando as várias utilidades dos nanotubos de carbono na cadeia produtiva do petróleo. Ribeiro explica que, por meio de um processo de funcionalização, em que os nanotubos são atacados com uma substância ácida ou básica, é possível ligar determinadas partículas a essas estruturas diminutas e promover o aumento de sua resistência física ou condutividade, por exemplo.
Um das aplicações possíveis é a adição desses nanotubos funcionalizados ao cimento. “Isso resultaria em um material mais resistente à tração”, diz. Outra possibilidade é a construção de cabos condutores de eletricidade, que teriam uma condutividade dez vezes maior que a do cobre e poderiam alimentar as máquinas usadas em grandes profundidades.
Em alguns reservatórios, o óleo está aderido à rocha, o que dificulta sua extração. Por isso, os pesquisadores do Cenpes estão desenvolvendo linhagens de bactérias que produzam um tipo de sabão (chamado surfactante) que deslocaria o óleo da rocha – literalmente lavando-a – e aumentaria a taxa de recuperação de petróleo.
Ribeiro ressalta que todas essas pesquisas são conduzidas com as melhores práticas internacionais em termos de segurança e, em alguns casos, as normas da empresa são até mais rígidas. “A premissa de toda tecnologia que desenvolvemos é que seu nível de segurança será o mesmo ou até maior que o das anteriores”, assegura o engenheiro.