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sexta-feira, 22 de março de 2013

Indústrias de diversos setores de Santa Catarina investem em nanotecnologia


Simpósio realizado em Florianópolis aproxima especialistas de uma área em expansão no Estado


Cristiano Estrela / Agencia RBS
A microtecnologia é aplicada no Estado
por empresas de diversos ramos

Foto:  Cristiano Estrela  /  Agencia RBS
Os melhores perfumes estão nos menores frascos, diz o dito popular. E a nanotecnologia está aí para comprovar a afirmativa. Desenvolvida para potencializar a capacidade de construir estruturas, geralmente com medidas que variam entre um e cem nanômetros (dimensões microscópicas), ela permite uma nova revolução industrial. Em Santa Catarina, cerca de 10 empresas já entraram nesta área.

Os produtos da nanotecnologia são desenvolvidos a partir da menor partícula possível, utilizando técnicas e ferramentas criadas para colocar cada átomo e molécula no lugar desejado, provocando consequências econômicas e sociais. A microtecnologia é aplicada no Estado por empresas dos setores têxtil, metalmecânico, cerâmico, de fármacos e cosméticos, na odontologia e em próteses.

Para debater o assunto e promover o intercâmbio entre os empreendimentos que utilizam esta tecnologia e aqueles que podem empregá-la está sendo promovido desde ontem e até hoje, em Florianópolis, o 2º Simpósio Técnico e Empresarial de Nanotecnologia, organizado pelo Arranjo Promotor da Inovação (API) em Nanotecnologia do Polo Tecnológico da Grande Florianópolis (Tecnópolis).

A base da nanotecnologia é a possibilidade de não apenas oferecer produtos aperfeiçoados, mas também uma ampla variedade de melhores meios de produção. Nesta procura é que surgiu a última revolução industrial, nanotecnológica, similar ou maior que a feita pela informática. Isso porque a técnica permite fabricar produtos qualificados e com custo reduzido, segundo a farmacêutica Betina Zanetti Ramos.

Ela é proprietária da Nanovetores, com foco na produção de insumos nano e microencapsulados para segmentos industriais no mercado têxtil, de cosméticos, alimentício, odontológico e veterinário. A empreendedora reconhece a necessidade de investimento na área, mas também reafirma o potencial a ser explorado pela nanotecnologia no Estado.

Empresa de SC com profissionais de fora
Com 20 funcionários, a empresa de Florianópolis só não aumenta o quadro de colaboradores por questão de espaço – a limitação está prestes a ser solucionada com a inauguração de uma nova sede.

– O mercado é muito próspero. Temos 30 produtos confirmados, mais de 400 clientes, inclusive multinacionais, e somos frequentemente procurados por pessoas querendo trabalhar com a gente. Até estudantes de outros países querem estágios. Se antes os nossos profissionais precisavam ir para fora do Brasil para aprender, hoje os estrangeiros querem vir para SC aprender conosco– comemora.

Útil para tecidos, plásticos e próteses
A alta tecnologia microscópica extrapola os produtos de beleza no Estado. Outros dois cases de sucesso em solo catarinense são as consolidadas TNS Solutions e Innovacura, ambas da Capital catarinense.

Focada na fabricação de aditivos antimicrobianos nanoestruturados compostos por nanopartículas de prata, a TNS oferece soluções, em escala industrial, tanto para o setor têxtil quanto para o de polímeros. No portfólio, produtos como os tecidos retarda chamas, antimofo para colchões e travesseiros, antimicróbios para calçados infantis, além de próteses de pernas e braços, vasos e torneiras que nunca irão mofar, e embalagens de alimentos e boxes.

Para completar, a empresa está testando, e com sucesso, elementos filtrantes para o tratamento de água e o desenvolvimento de tintas, resinas e vernizes antimicróbios para aplicação em hospitais, creches e demais locais com grande fluxo de pessoas.

A Innovacura, por sua vez, investiu no segmento de biomateriais ao atuar no aprimoramento de próteses, principalmente de quadril e odontológicas. Para estes clientes, a empresa oferece um novo material nanoparticulado que reveste estas estruturas. Trata-se no nano-Hap, que confere maior adesão e melhora a resistência à corrosão, o que eleva a vida útil do produto.

A empresa também tem avançado em novas pesquisas. É o caso do Sr-nano-Hap e do Ag-nano-Hap que são, respectivamente, novas tecnologias de prevenção à osteoporose e de propriedades antibacterianas para próteses metálicas.

Para aproximar os setores
Pesquisadores e executivos de empresas estão reunidos, desde ontem e até o final do dia de hoje, no simpósio promovido na Capital que procura apresentar e debater as principais aplicações de nanotecnologia no tratamento de águas, efluentes e em superfícies de peças. Durante o encontro, estão sendo promovidas palestras, demonstrações, visitas e rodadas de negócios. O evento também serve para apresentar soluções desenvolvidas por pesquisadores e empresas estrangeiras e brasileiras.

Empresas dos setores automobilístico, aeronáutico, naval, metalmecânico, plástico e de óleo e gás podem se interessar pelas novas aplicações em tratamento de superfícies, que reduzem oxidação, desgaste, atrito e concedem características cromáticas e resistência, segundo o coordenador do evento pela Fundação Certi, Antônio Rogério de Souza.
Os setores de saneamento, têxtil, de couro e também o de óleo e gás podem conferir novidades em tratamento de águas e efluentes.

Nossa intenção é consolidar a região como polo de excelência em nanotecnologia e estreitar a relação entre o setor produtor e as empresas que precisam inovar produtos e processos com essa tecnologia – esclarece Souza.

O seminário organizado pelo API Nanotecnologia do Tecnópolis, sob a coordenação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Fundação Certi, tem o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Nanomundo à disposição dos curiosos de plantão
Uma novidade itinerante promete agradar: o Nanomundo, uma escola de tecnologia móvel, vinda do Senai paulista, que está no campus da UFSC para apresentar o que há de mais novo em microscópios eletrônicos e equipamentos de alta tecnologia. Nele, o visitante poderá assistir a demonstrações e experiências de aplicações práticas de nanociência e nanotecnologia.

Ciência visionáriaPopularizada nos anos de 1980 pelo cientista e engenheiro americano Eric Drexler, o termo “nanotecnologia” fazia referência à construção de máquinas em escalas moleculares de apenas nanômetros de tamanho. Em 2000, a nanotecnologia começou a ser desenvolvida em laboratórios e as pesquisas aumentaram significativamente, tanto que hoje ela é o centro das atenções em várias áreas da ciência.

O propósito de Drexler e dos cientistas que o seguiram era que a nanotecnologia fosse capaz de produzir um impacto significante na maioria das indústrias. O que está acontecendo. Prova disto é o seu uso na melhoria dos sistemas de construção; nos setores metalmecânico e de cerâmica ela possibilita a fabricação de produtos mais duráveis, seguros e inteligentes.

Hoje, ela é aplicada em plásticos, box e pia de banheiro, calçados infantis, roupas e até em cápsulas que hidratam a pele e tratam a celulite. Isto por enquanto. Porque estudos vislumbram a possibilidade de criar, a partir da nanotecnologia, o material mais escuro do mundo, que absorve mais de 99,9% de toda a luz que recebe e pode permitir um novo patamar no aproveitamento da radiação solar para geração de energia elétrica.

A expectativa de Drexler é que os avanços podem ir além, chegando ao estágio em que seria possível produzir nanodispositivos para a regeneração de tecidos. O que nos levaria à imortalidade. Alguém duvida?

Fonte: ClicRBS