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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

NanoPoluição do AR em Curitiba: incêndio deixa fumaça tóxica num depósito da ELECTROLUX


Por: André Luiz Aguiar*

Um forte incêndio atingiu um depósito da ELECTROLUX em Curitiba, nesta madrugada 

Fonte: ParanáOnline


Foto: Antônio Nascimento – Banda B



Local do incêndio


Primeiramente é preciso situar onde se encontra o depósito desta empresa. 
A primeira imagem mostra o bairro Cidade Industrial (CIC) destacado no mapa de Curitiba (seta azul). Em seguida (seta vermelha) a aproximação do bairro CIC, no local onde se encontra o depósito da empresa. 

E, por último, o destaque em vermelho do local do barracão: rua João Lunardelli, nº 2205, CIC, Curitiba.



A empresa fica no limite do bairro Cidade Industrial, limítrofe ao bairro Tatuquara, região Sul da capital paranaense. 


Vista panorâmica da entrada da empresa Electrolux 

Esta imagem acima (clique para aproximar), retirada do Google Street View, mostra a entrada da empresa pela rua João Lunardelli.

Notem que a região já é bem poluída diariamente, já que ela está próxima à cidade de Araucária onde há muitas empresas de transformação. Um exemplo é a própria REPAR (Refinaria Presidente Getúlio Vargas), pertencente à PETROBRAS.

Vista da entrada da REPAR-PETROBRAS em Araucária (RMC) onde a poluição do ar é constante. Próximo ao local do incêndio (à esquerda desta imagem se encontra a Electrolux, 3km).

Quem passou por lá pode comprovar as muitas vezes que um mistura de cores de fumaças (amarela, branca, preta, azul, verde, etc) domina a cidade de Araucária e bairros contíguos – dependendo da direção dos ventos. 
Vista aérea da REPAR-PETROBRAS (quadrado vermelho) e
da ELECTROLUX (círculo amarelo). Cerca de 3km de distância pela Rod. do Xisto

População afetada


O Censo 2010 do IBGE apontou que Curitiba possui aproximadamente 1.850.000 (um milhão e oitocentos e cinquenta mil) habitantes. E a região sul da capital é a que mais têm crescido em termos populacionais.


Alguns bairros da Região Sul de Curitiba: Pinheirinho, CIC, Tatuquara, Sítio Cercado, Alto Boqueirão, Ganchinho, Umbará, Campo de Santana e Caximba. Em destaque (vermelho) local do incêndio da Electrolux, entre a CIC e o Tatuquara.

Este mesmo Censo 2010, comparando com o de dez anos atrás, demonstrou que os bairros com maior aumento populacional foram o Campo de Santana, Tatuquara, Cidade Industrial e Sítio Cercado.
Em números populacionais por bairros temos, aproximadamente: 
CIC: 173.000; Tatuquara: 53.000; Sítio Cercado: 116.000; Umbará: 19.000; Ganchinho: 12.000; Campo de Santana: 28.000 e Caximba: 3.000. 

Ou seja, o local onde ocorreu o incêndio foi na Região Sul de Curitiba e, devido ao vento, a fumaça chegou a outras cidades da Região Metropolitana de Curitiba (RMC).  


Algumas cidades da RMC:
Araucária, Mandirituba, Tijucas do Sul,
São José dos Pinhais. No círculo vermelho
o local do incêndio



Direção do Vento em Curitiba: SUL e SUDESTE
Além dos bairros da capital, há cidades contíguas, como as constantes na Região Metropolitana: Fazenda Rio grande com cerca de 90.000 habitantes, Mandirituba com 25.000, São José dos Pinhais com 288.000 e Tijucas do Sul 16.000. 

Isto tudo devido a direção que o vento soprava naquele período do dia: para o sul e sudeste.



É só notar na imagem abaixo (perdoem a qualidade das adaptações).
Foto: Giuliano Gomes/AE UOL; Adaptado por mim


Veja também no vídeo a imponência do fogo e a direção sul sudeste.


Fonte: G1-Paraná

De tudo isso, sabe-se que o bairro do Tatuquara foi totalmente "engolido" pela fumaça do incêndio no estoque da empresa Electrolux. Portanto, cerca de 53 mil pessoas foram diretamente atingidas. 

Ademais, tendo a questão populacional de Curitiba, podemos deflagrar que aproximadamente 14% da população (259.500 habitantes) pode ter sido afetada pela fumaça negra e tóxica e que rumava para o sul e sudeste da cidade  e indo para a RMC. Incluí na contagem: Tatuquara, Sítio Cercado, Umbará, Ganchinho, Caximba, Campo de Santana e CIC. Excluí deliberadamente metade dos constantes na CIC, devido ao bairro ser muito grande e abranger toda a região oeste da capital e apenas parte da região sul (onde se encontra a Electrolux), bem como metade dos do Sítio Cercado, devido a força dos ventos não ter levado a fumaça até o extremo leste do bairro.

Os possíveis afetados na RMC foram: Fazenda Rio Grande, Mandirituba, São José dos Pinhais (metade, i.é., 144 mil) e Tijucas do Sul, chegando aos 275.000 habitantes, aproximadamente.

Somando os prováveis lesionados com a fumaça tóxica de Curitiba e dos referidos da RMC, temos incríveis 534.500 habitantes. Isto é quase 30% da população total de Curitiba!
    
A Defesa Civil de Curitiba afirmou que aproximadamente 30 mil pessoas foram afetadas, sendo que muitas delas tiveram que sair de suas casas. Todavia, parece não ser muito correto esta estimativa, por tudo que já apontei acima e pela direção dos ventos.



E o que isso tem a ver com nanopartículas que poluem o ar?



Fonte: Prefeitura de Curitiba

Consta que o depósito da Electrolux possuía cerca de 40 mil metros quadrados. E lá se armazenavam freezers, geladeiras, isopor, papelão, lã de vidro e demais insumos fabris.

Fonte: ParanáOnline
Fonte: ParanáOnline
Fonte: G1 Paraná
Fonte: Gazeta do Povo
Fonte: Gazeta do Povo
Fonte: Prefeitura de Curitiba
Além do fato de essa fumaça ser altamente tóxica – devido a partículas constantes nos materiais usados na fabricação dos produtos da empresa ELECTROLUX, como gases, tintas, borrachas, óleos e afins 

 há produtos que a esta empresa produz e adquire que contêm Nanopartículas de prata. Sem contar os que ela possui ou adquire que contêm outros nanomateriais (sabendo ou não da sua composição, uma vez que não há obrigatoriedade no Brasil de se informar se utilizam Nanotecnologia na compra e, por conseguinte, na produção industrial de qualquer produto).

E com NanoPrata está a Lavadora e Secadora de Roupas LSE11 que possui a tecnologia NANO SILVER (prata que, segundo a empresa, elimina 99,9% de tipos comuns de bactérias das roupas e das e da lavadora).


Portanto, ainda que se alegue que apenas geladeiras e freezers constassem no estoque que pegou fogo neste dia, nada impede que também houvesse armazenamento de nano prata naquele local. 


O que estaria sendo espalhado pelo vento para a toda região sul de Curitiba e quem sabe para toda a cidade.

Assim, houve grande possibilidade de nanoriscos devido a fumaça tóxica expelida aos ares, uma vez que há muitos produtos que usam de nanotecnologia – ainda que indiretamente e não declaradamente por parte das empresas – e que podem estar contaminando a população curitibana neste momento.

E quem disse que eu e você sabemos o que realmente continha nesta fumaça preta e tóxica que afetou a cidade? Quanto tempo os seus danos persistirão no meio ambiente? 


Haverá ressarcimento ao afetados por esta fumaça, ainda que um dano futuro ocorra com a população? Existirão indenizações?


E a poluição nos rios que circundam a região, como o Rio Barigui, o Arroio Gleba da Ordem, o Arroio do Andrade, o Arroio da Prensa, o Córrego Passo do Melo, o Ribeirão Campo do Santana, etc, como fica?



Outro risco real é o que pode ocasionar danos aos bombeiros e brigadistas que auxiliaram no combate ao incêndio. 


Foi abordado neste blog o relato do capitão Peter McBride Ottawa (Canadá) que, num combate ao fogo de certa loja de materiais esportivos que revestiam seus produtos com nanotecnologia, a fuligem da fumaça decorrente deste incêndio havia perdurado mais tempo que o normal, assim como em seus uniformes.



Segundo consta dos noticiários, por volta de 30 homens do corpo de bombeiros e 10 carros e em torno de 100 funcionários da empresa estavam lutando para combater o incêndio e provavelmente tiveram que inalar a fumaça altamente tóxica.

Portanto, esses perigos apontados por Peter McBride, podem ter afetado diretamente todos estes que batalharam no rescaldo neste incêndio ocorrido na Electrolux, cujo parque fabril com nanoprata tem aumentado.


Por sorte não ocorreram mortes diretas com o fogo que destruiu o estoque da empresa. Mas e os danos ambientais indiretos que existiram e virão a aparecer, como ficarão? 


Lavadora e Secadora com NanoSilver. Destaque em vermelho eu acrescentei.  Fonte: Electrolux
E as possíveis nanopartículas tóxicas que foram inaladas pela população, como ficará?
Caberá ao Poder Público ressarcir e tratar aqueles que forem afetados pelas partículas dispersas no ar ou será responsabilidade direta da empresa? Se daqui alguns anos ficar comprovado danos ambientais e para a população quem será responsabilizado?

Precisa-se comprovar intenção de causar dano para indenizações? Alguém se responsabilizará? Haverá contraprestação da empresa? E como ficam as famílias que não puderam levar seus filhos para as creches e escolas que foram fechadas devido à fumaça, com ficará? E os pais destas que perderam o dia de trabalho, quem indenizará? 

A prefeitura garantirá ou mesmo a empresa garantirá que a volta à "normalidade" na rotina dos bairros não comportará riscos? 

E as partículas dispersas no ar, haverá algum estudo provando que não há mais riscos de se inalar tal fumaça? E as partículas já dispersas no chão, com as chuvas desta semana elas irão parar nos rios, quem vai custear a limpeza?  

São perguntas que, infelizmente, somente tempos depois poderemos responder – e quem disse que responderemos?!

*André Luiz Aguiar: advogado formado pela 
Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná (PUC-PR), OAB-PR 60.581,
pesquisador e consultor 
em
Nanotecnologias e regulamentação 



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Vejam:
x) Nanotechnology Spells Danger For Firefighters

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Vejam:
Saiu hoje: 25/09/2013

1) Pessoas deixam suas casas em São Francisco do Sul por causa de fumaça tóxica






5) Fumaça de incêndio faz moradores saírem de São Francisco do Sul, em SC

6) Bairros são evacuados após explosão de fertilizantes no Porto de São Francisco do Sul





9) Segundo a jornalista Joice Hasselmann: (sic) "Em Itapoá-SC, há 12 km do Balneário de Coroados, o comércio está fechado. O aviso está colado nas portas."

10) Segundo a jornalista Joice Hasselmann: "Na região de Garuva-SC a fumaça e o cheiro estão fortes. Arde bastante os olhos."





15) Prefeitura vai apurar se empresa onde ocorreu acidente tinha todas as licenças



16) Laudo técnico vai apontar se houve impacto ambiental em São Francisco do Suld

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Vejam:
Saiu hoje: 26/09/2013

1) Itapoá, Garuva e litoral sul do PR ainda podem ser atingidos pela fumaça química
2) Hospital de São Francisco registra mais de 150 atendimentos após acidente
3) Estado de bombeiro intoxicado em São Francisco do Sul é muito grave
4) Após incêndio em SC, nuvem de gás pode chegar a SP
5) Satélite registra fumaça de incêndio químico em São Francisco do Sul

7) Segundo a jornalista Joice Hasselmann: "Como o vento pode virar amanhã para sudeste e leste, a fumaça tóxica pode avançar pelo Paraná e chegar a São Paulo e Rio de Janeiro."





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Vejam:
Saiu hoje: 27/09/2013

1) Fumaça química em São Francisco do Sul é controlada
2) Fumaça que vazou de depósito em SC é perigosa, alerta ANBiod

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Vale recordar o que diz a Lei n. 9605/1998 que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º Se o crime:
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

Pergunta: quem vai ser responsabilizado?

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Saiu hoje (14/11/13)
1) 
Laudo não aponta causas de incêndio na Electrolux
O laudo que poderia apontar as causas do grande incêndio que destruiu um depósito da Electrolux, na divisa de Curitiba com Araucária, é inconclusivo. No dia 17 de setembro, o galpão da empresa que armazenava eletrodomésticos, foi tomado pelo fogo. O Corpo de Bombeiros levou três dias para conseguir combater o fogo. O laudo com a investigação da polícia científica sobre as causas do incêndio só foi encaminhado na semana passada para o 11° Distrito Policial, quase dois meses depois do incêndio. O titular do DP, o delegado Wallace Oliveira Brito, explica que pela extensão do incêndio, o laudo não conseguiu apontar o que causou o fogo.
Ele disse que agora serão ouvidos funcionários e seguranças do depósito, para tentar descobrir como o fogo começou. Não está descartada a possibilidade de ter sido um incêndio criminoso.

O delegado afirmou que pode pedir um novo laudo ao Instituto de Criminalística. O inquérito policial deve ser finalizado somente daqui a um mês.
 Cerca de 30 mil pessoas que moram na região do local do incêndio foram afetadas pela fumaça, segundo a Defesa Civil de Curitiba e 40 pessoas tiveram que ser retiradas das casas, para que não inalassem a fumaça. Em torno de 100 funcionários estavam no depósito quando o incêndio começou e ninguém se feriu.