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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

De Nano para Micro?

Por: André Luiz Aguiar*

Progredimos da Nanotecnologia
para a Microtecnologia!



A pergunta que faço é a seguinte: MICRO ficou mais "potente" e melhor que NANO?

O desenvolvimento de produtos está tão avançado que já estão trabalhando na escala NANO. E nos afirmaram, categoricamente, que quanto mais diminuta uma partícula mais eficiente ela será.


Mas desde quando as empresas "acharam" melhor trabalhar com MICRO e abandonar NANO?

Vejam na escala de grandeza ao lado que micro está acima do nano e o yocto seria o limite. E, portanto, mais potente seria um produto que chegasse na fronteira desta eficiência.    

Quando veio o desenvolvimento em Nanotecnologia, diversas marcas quiseram associar sua indústria ao termo "Nano". 

-- Imagina!!! Minha empresa ficar de fora dessa bocada! Era o que deduziam as grandes marcas.

Passado algum tempo, ao invés disso, algumas marcas começaram a "fugir" do Nano e agora anunciam apenas Micro.

Já escrevi aqui no blog que estavam indo até a Picotecnologia e eu propunha, então, para apelar de vez, que fôssemos para a Plancktecnologia (veja aqui: Picotecnologia ou Nanotecnologia?).



Estou falando especificadamente de anúncios a respeito de xampus.

Para que vocês confiram, assistam aos anúncios abaixo:

Propaganda 1) Xampu com Picotecnologia
Veja aqui

Propaganda 2) Xampu com Nanotecnologia
Veja aqui

Propaganda 3) Xampu com Microtecnologia
Veja aqui


O que será que aconteceu? A nanotecnologia acabou se tornando pior?
Será que eles descobriram que Micro é melhor?


Ou apenas perceberam que, comercialmente, veicular Micro para sua marca é mais "forte" e vendável?

Os consumidores conhecem mais algo que é micro do que aquilo que é nano. Isso é notório.


Era comum ouvir antigamente, quando a criança brincava na terra, a mãe dizer: 
--- Vai lavar essa mão antes de comer muleque. Tua mão tá cheia de germes! Deve tá cheio de micróbio!

Estes germes/micróbrios eram sempre associados a coisas pequenas e que faziam mal. E a palavra "científica" que mais se aproximava de germes e de algo que era pequeno, seria dizer que aquilo era micro. Notem a palavra usada pela hipotética mãemicróbio

Ou seja, os consumidores começaram a associar que os cientistas eram tão bons que eles conseguiram fazer esse micróbio (que na cabeça da geral era ruim) se tornar um MicroBOM.

Portanto, o consumidor vai associar muito melhor um xampu que seja micro do que aquele que seja nano. Pois os cientistas foram tão craques que fizeram aquele micróbio se tornar ótimo para eu poder usar na minha cabeleira!

Assim, em "marketing familiar", você nunca ouviria um pai dizer: tua mão tá cheio de nano piá! e causar o mesmo impacto ao dizer: tua mão tá cheio de micróbio!

O Micro soa melhor! MicroOndas, MicroCelular, MicroSsaia, MicroComputador, MicroCirurgia, MicroÔnibus, MicroProcessador, MicroRregião, MicroScópio, MicroOrganismo,...  

Brincadeiras à parte, basicamente é o seguinte: as empresas estão assustadas com o movimento de controle e anúncios de precaução, bem como aos possíveis riscos que a Nanotecnologia pode ocasionar. Aí, eles decidiram "voltar" ao Micro. Pois, além de mais comercial e fisgador aos consumidores, não vai gerar tanto alarde se eles estão ou não lidando com Nanotecnologia ou algo menor.

Afinal, você como consumidor tem como verificar se o teu xampu tem nano ou micropartículas?

Se eles estiverem usando Femto, Atto, Zepto, Yocto, Pico, Nano e disserem/anunciarem ser algo "maravilhosamente" MICRO para vender mais, você terá como verificar a autenticidade?

Vamos relembrar o nosso Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078 de 1990)?

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
        I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
        II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
       III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço,bem como sobre os riscos que apresentem
        IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; [grifei].

 Cuidado com este Micróbio pessoal!



*André Luiz Aguiar: advogado formado pela 
Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná (PUC-PR), OAB-PR 60.581,
pesquisador e consultor 
em
Nanotecnologias e regulamentação 


  __________________________
Vejam:
a) O que é nanotecnologia para os cabelos

b) Nanotecnologia aplicada aos cosméticos-UFPR
c) Variety and diversity of nanotechnologies
d) Nano & the top 10 big cosmetics companies : L’Oréal, Procter & Gamble and Henkel on the podium for patents
e) FOEA takes nano-cosmetics safety concerns to the L’Oreal-sponsored catwalk